Estar mais próximo dos funcionários, entender suas necessidades e criar programas que possam contribuir para seu bem-estar e, consequentemente, gerar menos custos para empresa foram os temas abordados pelo vice-presidente sênior da Healthways, John Harris, em sua palestra Inovação e Tecnologia em Saúde Corporativa, realizada na terça passada, em São Paulo, na última etapa do Encontros de Saúde Corporativa, evento da CPH Health apoiado pela ABRH-SP.
Na abertura de sua apresentação, o especialista em operações sobre a gestão de saúde do empregado, falou da maior longevidade das populações mundiais e da deterioração do bem-estar. “Hoje é comum trocar uma caminhada de bicicleta para ficar no Facebook. Há um menor convívio social, o que pode causar certa desesperança e desinteresse para cuidar da própria saúde. O reflexo se vê no número cada vez maior de obesos em todo o mundo.”
O bem-estar é um fator fundamental nessa avaliação, e foi foco da pesquisa realizada em 2008 pelo instituto Gallup e que está sendo implantada por algumas empresas. “Ao responder o que acham da sua vida hoje e em cinco anos, é possível prever se o custo da saúde com as pessoas será maior ou menor, pois suas opiniões sinalizam como estão se sentindo e como projetam seu bem-estar no futuro. Os que estão mais ligados a seus problemas, os estressados e infelizes no trabalho correm mais riscos de adoecerem, pois deixarão de cuidar da saúde de uma forma mais efetiva”, disse Harris.
Tendo como parâmetro a saúde emocional, também é possível promover programas não só focados em exercícios e alimentação, mas também no maior controle emocional da equipe. Nesse cenário, as ferramentas tecnológicas podem contribuir para identificar as necessidades das pessoas e ajudar num plano de ação focado no bem-estar para gerir a saúde dos indivíduos e da equipe.
O importante, segundo o palestrante, é uma plataforma sólida, que reúna diferentes dados e seja direcionada para o todo, não apenas para um nicho. Por meio dela será possível alcançar as pessoas onde elas estão graças ao diversos recursos móveis como celulares e até mesmo as redes sociais.
Para Harris, a informação em tempo real e customizada possibilita essa abordagem integrativa que induz a uma mudança comportamental. “Nos Estados Unidos há programas de incentivo que recompensam mudanças comportamentais como, por exemplo, receber um valor em dólares se conseguir reduzir o colesterol ou emagrecer. Mas muitas pessoas agem de má fé. Por isso, acho que, de alguma forma, há exageros nessa ação e poucos dados para medir os resultados efetivos da mudança de comportamento das pessoas inseridas nesses programas.”
Inovação
Quanto à inovação, é preciso personalizar iniciativas. A economia do comportamento, que prevê o comportamento irracional, ou seja, sabemos o que é melhor para nossa saúde, mas não o fazemos, pode sugerir caminhos de ação. A saúde emocional e a neuroplastia, que ajuda a recriar certos circuitos do cérebro, estimulando a consciência em atos cotidianos que fazemos sem pensar, como subir uma escada, podem levar a avaliar que este simples gesto representa uma queima de calorias benéfica para o bem-estar em longo prazo.
Harris pontuou que, se cada pessoa mudasse o mínimo de seu comportamento todos os dias a favor do seu bem-estar, milhares de dólares seriam economizados com gastos de saúde. “Nos EUA temos um programa onde diariamente os participantes recebem mensagens orientando o que devem fazer – uma caminhada de poucos minutos, por exemplo – e registram se fizerem. A partir daí compartilham sua experiência na rede.”
O especialista lembrou, porém, que a tecnologia tem um custo ainda alto, mas que em breve deve ser barateada com programas que poderão ser baixados por 5 dólares. “O importante é impactar o bem-estar das pessoas. Quanto maior esse nível, menor serão os custos com a saúde. Essa relação também se reflete no desempenho profissional, que cresce quando o funcionário, além de maior envolvimento com o trabalho, se sente bem no ambiente.”
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