Todas as condições de trabalho que têm vindo a ser referidas, quando não adaptadas ao homem, podem constituir elementos indutores de stress; neste sentido o stress deixa de ser apenas um problema a equacionar no âmbito da saúde no trabalho e passa a ser também uma preocupação da ergonomia.
O stress é um dos grandes problemas actuais, nomeadamente nas sociedades mais desenvolvidas e num mundo de trabalho caracterizado pela mudança de saberes e de fazeres, pela competição, pelas mudanças tecnológica e organizativa e pela precaridade de emprego.
Não é fácil definir stress e a palavra é mesmo utilizada com diferentes sentidos e em diferentes contextos. Hoje em dia todos temos consciência do stress; no entanto "o familiar não nos é por isso mais conhecido" (segundo Hegel). O termo stress foi adoptado da física, onde significa a pressão e a tracção a que estão sujeitos os materiais, e passou a ser utilizado na fisiologia e na psicologia.
Na linguagem vulgar stress pode referir-se à vivência de situações desagradáveis ou a emoções desencadeadas por problemas como a ansiedade, o medo ou a frustração.
Associamos também stress a certos sintomas físicos, como por exemplo dores, suores e cansaço.
Então, stress tanto pode ser alguma coisa que do exterior ou do nosso interior nos ameaça, como o conjunto de consequências provocadas por essas ameaças.
Dois grandes campos eventualmente geradores de stress são:
Agentes Indutores de Stress |
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Estudos sobre o stress no ambiente profissional permitem chegar a uma listagem de indutores4 de stress:
- Processamento acelerado da informação;
- Relações hierárquicas e horizontais;
- Pouco tempo para completar tarefas;
- Falta de orientações e/ou de comando;
- Falta de reconhecimento ou recompensa por um trabalho bem feito;
- Incapacidade ou falta de oportunidade de expor as suas queixas;
- Muita responsabilidade mas pouca autoridade ou poder de decisão;
- Insegurança quanto à manutenção do emprego;
- Vínculo contratual;
- Condições ambientais inadequadas quanto a espaço, ruído, iluminação, temperatura, produtos tóxicos e cancerígenos, etc;
- Falta de cooperação ou apoio por parte de superiores ou colegas;
- Possibilidades de pequenas erros terem consequências graves ou desastrosas;
- Sujeição a preconceitos quanto à idade, sexo, religião, orientações sexuais ou até tendências partidárias.
Existem três tipos de agentes indutores de stress, também designados por fontes de stress ou stressores:
- agentes que afectam grande número de pessoas simultâneamente, tais como catástrofes;
- agentes muito importantes nas vidas das pessoas individuais, como sejam mortes, separações, divórcios, desemprego, desgostos amorosos, mudança de escola, etc;
- agentes designados por "micro-stressores" isto é, pequenos acontecimentos do dia-a-dia que nos incomodam, designadamente filas de trânsito, pressa, muito trabalho, prazos para cumprir, adiamentos de assuntos urgentes ou ainda pensamentos ou imagens mentais que nos induzem sensações.
Aliás é a estes "micro-stressores" que nos referimos a maior parte das vezes, quando dizemos que estamos com stress.
E, como reagimos ao stress?
Cada pessoa reage da sua maneira e em graus diferentes, mas podemos referir algumas reacções mais comuns e generalizadas como sejam:
- ansiedade
- depressão
- inquietação
- apatia
que levam a comportamentos doentios ou inadequados.
Figura 5 - Forma de reacção ao stress
Os nossos órgãos internos também reagem, sendo reacções típicas:
- aumento da tensão arterial;
- arritmias;
- aumento do ritmo cardíaco;
- tensão muscular, com dores de pescoço e cabeça, aumento da secreção de ácido gástrico, secura da garganta e boca.
Estas reacções que se podem observar nas pessoas mergulhadas em situações de stress, podem ter consequências para a saúde como sejam a diminuição da imunidade às infecções, disfunções do estômago e intestinos, dificuldade em respirar, asma e problemas sexuais tais como frigidez, impotência, etc.
Todos estes problemas causam não só sofrimento e angústia, como se traduzem em elevados custos para o próprio, para as empresa e para a comunidade.
Em resumo, podemos dizer que as consequências do stress se podem traduzir em sofrimento fisiológico, psicológico, comportamental e social, quer a curto, quer a médio prazo. As consequências mais temíveis são sem dúvida a doença e o esgotamento (ou síndroma do burnout).
(Síndroma de burnout ou esgotamento, é um termo introduzido pelo psicanalista americano Herbert Freudenberg em 1974, para definir um estado de fadiga física e mental que ocorre em muitos trabalhadores e que pode conduzir à sua autodesvalorização e a uma redução do seu empenho profissional).
Algumas Medidas para Combater o Stress |
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Combater o stress não é fácil. No entanto há algumas medidas que os trabalhadores individualmente podem tomar.
A primeira coisa a fazer é reconhecer o problema, o que parecendo óbvio, nem sempre é feito.
A partir da admissão do "seu stress", há que modificar comportamentos, nomeadamente tentando:
- fazer exercícios ou praticar desportos regularmente;
- fazer pequenas pausas no trabalho;
- diminuir a sua "mania" da perfeição;
- arranjar um hobby ou um passatempo;
- diminuir o consumo de bebidas alcoólicas;
- diminuir o consumo de cafés;
- deixar de fumar;
- efectuar trabalho para a comunidade;
- melhorar os hábitos alimentares;
- conversar e desabafar;
- conviver e divertir-se;
- gozar alguns dias de férias;
Se estes conselhos não resultarem deve procurar-se auxílio profissional, seguindo um programa que combata todos os aspectos do stress e não apenas os seus sintomas.
Outra das formas de aliviar a pressão do stress é o relaxamento.
Há muitas formas de relaxar, algumas das quais estão incluídas na listagem anterior.
No entanto há técnicas ou métodos de relaxamento mais estruturados, que permitem controlar e prevenir o stress, técnicas estas que só são eficazes se a sua prática for sistemática e duradoura.
Há diversos exercícios para treino de relaxamento mas todos passam por aprender a controlar a sua respiração, combatendo a respiração rápida e pouco profunda associada aos estados de stress.
A técnica de respiração em causa, dita respiração abdominal5, pode ser ou não associada a técnicas de relaxamento muscular.
- Liste os agentes indutores de stress que considere existir na sua profissão.
- Avalie-se a si próprio, identificando todos os momentos e componentes da sua vivência de stress, e respondendo às seguintes perguntas:
Actualmente quais os problemas (familiares, profissionais e sociais) que me perturbam?
A lista que elaborar serão os seus agentes indutores de stress.
Como é que os problemas/ situações me afectam?
O que me exigem e de que meios disponho para cumprir as exigências?
O que me impõem?
As exigências aparecem-lhe como um desafio, uma ameaça ou um dano.
Face aos problemas/situações o que faço ou posso fazer, ou de que instrumentos posso dispor para eliminar ou minimizar a(s) situação(ões)?
Estas capacidades ou recursos designam-se por mecanismos de coping; por exemplo, ignorar uma situação, falar com amigos ou meter férias, são exemplos de mecanismos de coping.
Quais as minhas respostas ao stress; quais as consequências pessoais do stress?
Considere que as consequências podem ser de diversos tipos: fisiológico (dores de cabeça ou de pescoço, suores, taquicardia, etc), psicológico (ira, tristeza, ansiedade, desvalorização pessoal, fumo, isolamento) e social, familiar e laboral (agressividade, desinteresse do trabalho, etc).